Certificação mais rigorosa para madeira brasileira

A Associação Brasileira de Preservadores de Madeira (ABPM), com o apoio do Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo (IPT), estuda a criação de um selo de qualificação para empresas do setor madeireiro, que além de credenciar boas práticas, pretende estimular o mercado a intensificar o uso do recurso na construção civil.

O grupo defende a criação de um selo de qualificação que credenciaria empresas do setor no tocante aos aspectos técnicos e legais e estimularia o uso da madeira nas construções. Para obter o direito de uso do selo de qualificação da ABPM, a empresa se submeteria, voluntariamente, a auditorias que comprovem a sua regularidade para produzir madeira tratada.

"Na prática, os rigores hoje existentes nos textos legais relacionados ao segmento de preservação de madeiras e os procedimentos para obtenção das licenças de operação ou funcionamento de unidades industriais do setor são de uma flexibilidade escandalosa", disse Flavio Carlos Geraldo, membro da diretoria da ABPM. "O simples cadastramento, aliado ao pagamento de taxas simbólicas, credenciam muitas usinas de tratamento de madeiras, muitas vezes desprovidas de instalações adequadas, a operar em condições de igualdade com outras que observam rigorosamente as exigências ambientais e de segurança constantes dos textos legais.".

Segundo o diretor, além da falta de credenciamento para as empresas do setor, o Brasil carece de uma cultura do uso da madeira na construção. Geraldo afirma que ainda há uma preferência nacional por alvenaria, parte dessa questão pelo fato de as faculdades de arquitetura e engenharia, raramente, apresentarem aos alunos a madeira como um material de construção, como acontece em outros países: "Falta entender que a madeira tem caráter renovável em relação ao tijolo, ao aço e ao cimento, cuja fabricação demanda muita energia e matéria-prima, além de exigir mais do transporte por causa do peso."

A ABPM pretende, com o seu selo, estimar o uso da madeira de reflorestamento na construção e credenciar as empresas que têm as melhores práticas e os melhores produtos. Com o apoio do IPT, instituto onde foi criada, em 1969, a ABPM atua na orientação do setor e interage órgãos ambientais relacionados com o segmento e com o mercado.

Escrito por Fernanda Dalla Costa – (Revista Sustentabilidade)